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Até aproximadamente 20 anos atrás, para ter ideia de como evoluía a gravidez de uma mulher, o médico tinha de contentar-se com os próprios sentidos. Fazia o toque vaginal, palpava o útero com as duas mãos, tentava ouvir o batimento cardíaco do feto encostando um aparelho rudimentar na barriga da mãe. A cavidade uterina era uma espécie de caixa preta que guardava segredos até o nascimento do bebê.

Foi só com o advento da ultrassonografia que se pôde visualizar o interior do útero para saber como o feto estava se desenvolvendo. Nestes últimos anos, porém, os aparelhos de ultrassom se sofisticaram de tal maneira, que tornaram possível obter imagens muito nítidas da criança e do interior da cavidade uterina. Essas imagens não só satisfazem a curiosidade das mães, pais e avós, mas permitem que os médicos tenham acesso ao local, introduzam agulhas para colher material para exame e avaliem as condições da gravidez e do feto. Esse tipo de tecnologia evoluiu a tal ponto que se transformou numa área especializada da medicina que se chama Medicina Fetal.

Alguns procedimento realizados dentro da medicina fetal:

Ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre

Seu principal objetivo é o rastreamento de anomalias genéticas. O exame pode ser realizado entre 11ª e 14ª semanas, preferencialmente entre 12ª e 13ª semanas de gestação e inclui o estudo da anatomia fetal, a medida da translucência nucal, a avaliação da presença do osso nasal e do fluxo de sangue através do ducto venoso.

A sensibilidade para detecção da síndrome de Down é de aproximadamente 90%. Com o recente avanço dos equipamentos de ultrassonografia, aproximadamente 60% das malformações fetais podem ser detectadas nesta fase.

Ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre + perfil bioquímico materno
A avaliação conjunta do ultrassom morfológico do primeiro trimestre com o perfil bioquímico materno tem como objetivo melhorar a sensibilidade na detecção de anomalias genéticas. No caso da síndrome de Down, essa sensibilidade é elevada de 90% para 95%. O perfil bioquímico materno consiste na análise de dois exames colhidos no sangue da mãe: a proteína plasmática A, associada à gestação (PAPP-A), e a fração livre do BetaHCG (freeBetaHCG).

Ultrassonografia obstétrica

Seu objetivo é avaliar o crescimento do feto a partir do seu peso. Dispomos de um software capaz de traçar um gráfico para acompanhamento do crescimento fetal, avaliando cada um dos parâmetros medidos isoladamente ao longo de toda a gestação. Este exame é realizado em qualquer época da gestação e inclui algumas medidas do feto, avaliação da placenta e da quantidade de líquido amniótico. É um recurso particularmente importante quando o crescimento fetal está comprometido, pois permite pesquisar as possíveis causas de restrição do crescimento.

Ultrassonografia tridimensional (3D) e em tempo real (4D)

Fornece detalhes para caracterização de anomalias fetais e permite um melhor entendimento do exame de ultrassonografia pelos pais. O ultrassom 4D utiliza um recurso técnico que permite associar o movimento à imagem tridimensional (3D); ou seja, o 3D seria uma foto e o 4D, um filme. Esse recurso costuma ser utilizado em todos os nossos exames a partir da 10ª e até a 32ª / 34ª semana de gestação. O ultrassom 3D deve ser realizado idealmente entre 28ª e 32ª semanas de gestação, para melhor visualização da face fetal.

Ressaltamos que, dependendo da posição do feto e da quantidade de líquido amniótico, a foto da face fetal (o “rostinho do bebê”) pode não ser obtida.

Ultrassonografia morfológica do segundo trimestre

O exame é realizado a partir de 18 semanas de gestação (idealmente entre 22ª e 24ª semanas) e inclui o estudo detalhado da anatomia, do crescimento e de marcadores de risco fetal (características da anatomia fetal que indicam maior risco de o bebê ser portador de anomalia genética). Nesta fase, é possível identificar aproximadamente 80% das anormalidades fetais.

Em conjunto com este ultra-som, podem ser realizadas as seguintes avaliações:

Avaliação do comprimento do colo uterino
Identifica mulheres com maior risco de trabalho de parto prematuro extremo (menos de 32ª semanas de gestação) por meio da medida do comprimento do colo do útero, por via transvaginal. É realizado entre 22ª e 24ª semanas de gestação em conjunto com o ultrassom morfológico.

Dopplervelocimetria das artérias uterinas

Identifica mulheres com maior risco de desenvolver hipertensão arterial ou restrição do crescimento fetal por meio da medida do fluxo de sangue que passa pelas artérias que irrigam o útero/placenta. Este exame é habitualmente realizado pelo abdome da mãe. A mensuração do comprimento do colo do útero pode ser iniciada pela via transvaginal.

Dopplervelocimetria obstétrica

Avalia a vitalidade fetal por meio da análise do fluxo de sangue nas artérias uterinas, umbilicais, cerebral média e ducto venoso (quando necessário). Em fetos cujo crescimento está comprometido, o exame ajuda a estabelecer o melhor momento para a interrupção da gestação. Esse exame pode ser realizado durante toda a gestação.

Perfil biofísico fetal

​Também avalia a vitalidade fetal. O exame é realizado a partir de 28ª semanas de gestação e inclui o estudo do líquido amniótico, movimentos fetais, tônus, movimentos respiratórios e cardiotocografia (monitoração fetal).​​

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